V Congresso e Movimento Estudantil da USP

Publié le par Fórum da Ocupação

A julgar pelo comportamento do DCE (gestão Vez e Voz), é evidente que lutam continuamente contra a mobilização do Movimento Estudantil, em prol da ordem e do que consideram o verdadeiro ME organizado e sensato. Romper com o status quo não constitui seu objetivo final, por isto querem despojar o ME de toda iniciativa que não passe por seu crivo. Dito noutras palavras, quer despojá-lo de suas armas, para manter ele, DCE, o controle e a posse das armas de luta do ME.

Assim que assumiu o DCE, a gestão Vez e Voz, majoritariamente ligada ao PSOL, quer fazer uma espécie de acerto de contas com o Movimento de Ocupação da Reitoria da USP, posto que foram derrotados até o último dia. Lembremos que perderam todas as assembléias e plenárias. Não queriam ocupar, e ocuparam. Não queriam ficar na Ocupação, e ficaram. A partir do terceiro dia trabalhavam abertamente pela desocupação. Caso vencessem, talvez os Decretos usurpadores da autonomia universitária ainda existissem. Mesmo na assembléia que votou pela desocupação, o PSOL não queria o V Congresso, mas somente um simpósio discutindo o Estatuto – mais ou menos no que querem transformar o V Congresso.

Outrossim, valendo-se da crítica feita pelos independentes às assembléias estudantis, o DCE apropriou-se dela para evitar ao máximo a realização de assembléias. Apenas não dizem que os independentes desejam as instâncias ampliadas de discussão e deliberação. A crítica dá-se sobre o formato, que dá vazão para todo tipo de manobra e esvaziamento, aliás, artifício que o DCE tem usado, com eficiência, nas raras assembléias convocadas. Talvez o mais grave nisto tudo é acusarem qualquer crítica com destino a ele, como um ataque à instituição, quando muita das vezes é uma censura aos métodos usados pela gestão e não à instituição ou entidade em si. Desta forma, geram confusão desviando o foco, criando discurso que inverte o princípio e objeto da crítica.

Neste diapasão, o DCE autoproclamou-se como a força que irá reorganizar o ME. Nada contra. O problema é que estão transformando o que dizem no seu inverso: ao dar informes errados e diversos aos CA's; postergar ao máximo assembléias; dizer uma coisa publicamente e agir de forma diversa nos fóruns fechados; ao soltar notas autoritárias e moralizantes; ao não participar de nada que não seja de sua iniciativa; ao propor que outras categorias escolhessem os representantes para a Comissão Organizadora do V Congresso através de assembléia, enquanto o fez de maneira diferente, optando por CCA.

A atual crise de representatividade vivida, não está fora das instituições e entidades, mas principalmente dentro delas. Parece que estão adaptadas ao establishment, não lhe oferecendo nenhum risco efetivo. As vanguardas que são acusadas pelo DCE de desmoralizar o ME, são abandonadas no momento crítico e têm seu direito de voz cerceado. Num ambiente ideal, aquele que detêm o poder deve trabalhar por todos e não somente por uma maioria, atualmente, construída sob a égide da democracia formal, que em si não tem nada de universal. Dever-se-ia, principalmente, garantir o direito e a existência das minorias, promovendo o embate aberto e transparente.

Assim, se queremos transformar a USP, fazendo do V Congresso etapa fundamental para acúmulo de forças impulsionador das lutas, que ele seja aberto e garanta a participação de todos e todas. Por mais complicado que seja organizá-lo de forma ampliada, se se quer criar mobilização, assim deve ser feito. Caso contrário, apesar do barulho que vimos fazendo no entorno dele, já no seu início poderemos ter "[...] A estrepitosa abertura que anunciou a contenda perde-se em um murmúrio pusilânime assim que a luta tem que começar; os atores deixam de se levar a sério e a luta murcha lamentavelmente, como um balão furado". (O 18 Brumário, Marx).

Certamente o nosso inimigo não está no ME, mas a ação autoritária de qualquer um que se coloque como o portador da verdade, promove uma briga fratricida, deixando os verdadeiros inimigos rindo enquanto se refestelam secretamente no trabalho de dissolver a coisa pública.

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D
Me desculpem, acho que errei o local do comentário.
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D
Sinceramente, encarecidamente gostaria de entender porque "São Carlos", como dizem no texto, defenderia que somente os delegados eleitos tivessem voz, sendo que estamos envolvidos num esforço gigantesco para levar todos que quiserem e puderem ao V Congresso sob a idéia da participação efetiva no evento. <br /> E pior que isso, nunca passou pela cabeça de nenhuma pessoa que tem participado do precesso construtivo do V Congresso no campus a hipótese desse tipo de restrição. Sob esse pano de fundo, não existe sustentação lógica que permita a reprodução desse tipo de colocação por parte de nenhum representante do movimento estudantil de São Carlos. E se houve qualquer margem para essa interpretação coloco aqui que a defesa do CAASO e de todos os fóruns do movimento locais defendem a participação universal no V Congresso.<br /> Por favor, tomem cuidado com as interpretações preconceituosas e principalmente com a postura que adotam na reprodução de informações e julgamentos que da forma como estão colocados colaboram muito para a desconstrução do movimento estudantil. <br /> <br /> Abraços!<br /> Dante
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