Audiência Pública do Inclusp: primeiras impressões

Publié le par Fórum da Ocupação

Enfim, a audiência aconteceu. Estavam na mesa Franco Maria Lajolo (vice-reitor), Selma Garrido (pró-reitora de graduação), Dante de Rose Jr. (diretor da EACH), Juliana Borges (DCE) e Douglas (EDUCAFRO), na sala ao lado o senhor Alberto Carlos Amadio (chefe de gabinete da reitora) tomando nota de tudo. Na platéia basicamente havia estudantes e movimentos sociais, alguns raros professores e representantes da FUVEST. Amanhã publicaremos textos detalhados sobre a audiência, tanto relatando quanto analisando o evento e suas possibilidades.

Por enquanto, reproduzimos alguns diálogos trocados por e-mail, assim ficamos bem próximos do momento da enunciação.
 
 
“Gente, eu não pude ir à audiência, como já tinha avisado. Como foi?
Abraços,”
 
 
“Na minha avaliação foi bastante improdutiva. A administração apresentou muitos dados (fracos) e o movimento negro fez mais discurso do que apontar as enormes falhas do estudo –houve duas ou três boas intervenções, mas a média não foi boa.”
 
 
“Eu tenderia a concordar com o Paulo, mas dado o contexto em que foi realizada a Audiência, o resultado até que foi satisfatório. Não dá para esquecer o interesse quase nulo do ME com a questão, inclusive dos docentes; a ação da Reitoria para esvaziar o fato e mesmo desacreditá-lo; uma sociedade cuja elite e classe média que não se importa, tanto que não havia cobertura mínima da imprensa, já que negro e pobre só é notícia quando invadem ou ocupam.
Assim, creio que a audiência foi o que poderia ser. Acho que nem a Comissão Inclusp nem a EDUCAFRO esperavam muito dessa audiência, ela foi mais um passo na reivindicação de  cotas.
O Paulo tem toda razão quanto à fragilidade dos números apresentados, isso em si é preocupante, visto que parte dos dirigentes da USP, passa a ser alarmante quando se observa que também foram primariamente manipulados.
Abraços,”
 
“No meu entender audiência foi um sucesso. Nosso objetivo era fazer questionamentos públicos quanto à concepção e operacionalização do Inclusp. E isto foi feito.
Durante a audiência, foram feitos inúmeros questionamentos que ficaram sem resposta: ineficácia do Inclusp quanto a reduzir desigualdades de raça e renda, questionamentos quanto à forma de apresentar e fazer comparações, questionamentos quanto ao tratamento dado aos cursinhos populares, dentre outros pontos. Tudo isto apareceu explicitamente na
audiência. Mas não apareceram apenas questões acadêmicas, surgiram também os principais interessados na discussão exercendo seu direito de fala.
Precisamos agora utilizar os posicionamentos explicitados, e registrados, na audiência pública para delinear as próximas ações.
Abs,”

 
“Infelizmente cheguei bem atrasado, mas pela parte que eu vi a audiência foi bem nula para estabelecer um diálogo. A reitoria apresentou seus dados e não respondeu aos questionamentos que houve sobre eles, e os estudantes e movimentos sociais presentes colocaram sua posição, mas não tentaram elaborar uma discussão, apenas questionar a posição da USP. Com raras e honrosas exceções, claro. Já os objetivos levantados pelo Nelson, no entanto, foram realmente realizados. Eu diria então que a Audiência foi um espaço importante, mas não significou quase nada para mudar alguma coisa na política do Inclusp, pq não teve um diálogo estabelecido.
Sobre a mídia, foi uma pena, mas nós também deixamos para nos mobilizar muito de última hora. Eu enviei o release para nossa lista de contatos da imprensa, mas foi de última hora, no mesmo dia, e só falei com uns 2 repórteres por telefone mesmo. Quem sabe se tivessemos nos mobilizado mais cedo daria para ter tido uma repercussão maior. Fica o aprendizado na pele.
Está na hora de pensar em próximos passos, eu diria. E agora, depois da Audiência? Não podemos deixar o assunto morrer.” 


“Pessoal,
não levem a mal. Mas vocês realmente são muito ingênuos se acreditam que a reitoria iria fazer uma audiência pública para fazer um embate franco expondo sem reservas as limitações do Inclusp. O Inclusp (aliás, como dito em certo momento pela própria pró-reitora) é a solução pensada nos termos da burocracia uspiana para lidar com contradições reais existentes na sociedade brasileira. Isto por si só impede que a audiência, embora embasada por argumentações, pudesse constituir-se numa espécie 'àgora grega'. 
O mais importante era que a reitoria explicitasse publicamente posições que não tem exposto para a mídia. A questão de saber como utilizaremos estes posicionamentos não está e não pode estar fechada. Mas o ritual da audiência era um embate importante que precisava ser travado. Um capítulo cumprido numa história que não começou ontem e não terminou ontem. Quem foi para a audiência esperando ver uma defesa de mestrado ou doutorado foi com expectativas equivocadas. 
O Inclusp não vai mudar porque nossos argumentos são melhores que os deles (e o que significa serem 'melhores'?). Este programa da universidade não é fruto de uma dedução lógico-matemática (como poderia ser?), mas de pressupostos políticos, ideológicos e, principalmente, recursos materiais e simbólicos para sustentar tais pressupostos.  Saber o que é verdade e o que é falso é importante, mas posicionamentos diante do mundo não se resumem a isto. Na realidade, mesmo a discussão do que é falso e do que é verdadeiro é indissociável da posição de quem enuncia o falso e o verdadeiro. 
Abs,”
 
 
“Oi gente,
Precisamos colocar um, ou vários, textos no blog comentando a Audiência Pública de ontem. Se não expressar uma opinião geral (algo muito difícil aliás), o texto pode ir assinado, e expressa simplesmente a opinião de quem escreveu. O importante é manter o blog vivo com textos atuais, então vamos tentar elaborá-los.
Outra questão, quais serão exatamente os próximos passos em relação ao Inclusp? Precisamos pensar em próximas iniciativas. Nilton, o que o pessoal do Ocupação Afirmativa tem em mente agora? E a Educafro, alguém sabe?
Não vamos deixar morrer!
Flw,”
 
 
“Um desses textos teria que ser para hoje. Tô sem tempo para fazer. Se alguém fizer é só mandar que a gente emplaca.
Pedi para a Bianca escrever algo mais jornalístico, relatando como foi, motivações etc. Ao Nelson solicitei um mais crítico e analítico. Porém, não são para hoje.
A Pri gravou a audiência. Podemos pegar o material bruto e editar. Depois projetar e fazer uma cervejada ou debate.
Então, alguém pode mandar algo ainda hoje?
abs,”
 
 

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