Mortos que anseiam pela morte do que vive

Publié le par Fórum da Ocupação

Nem com lupa acha-se alguém capaz de defender o estado atual da universidade. O mal-estar afetou a todos. Porém, entre os docentes não se encontra nenhum movimento efetivo para deter ou mudar o que nos assombra. Estão quase todos alienados, ligados nos seus projetos individuais de pesquisa, movendo-se apenas por mais uma linha no lattes, bolsas de financiamento. Enquanto grupo só existem dentro de guetos auto-referidos que brigam entre si, não por um projeto de universidade pública, mas por verbas, capital simbólico etc. Raros também são aqueles que ainda colocam seus alunos em relação com o pensamento, nas sua maioria a relação que estabelecem é com a autoridade que detêm o saber e o transmite, para que também seja retransmitido até se cristalizar e virar dogma.

Hoje, se existe alguma força viva na universidade, ela é composta basicamente de funcionários e estudantes. No mais são mortos que anseiam pela morte do que vive. Claro que há exceções, poucas, pouquíssimas, que ainda fazem a universidade existir além da mera formalidade e do ritual que rege a vida dos professores.

Talvez nada disto seja novidade, no século passado Walter Benjamin dizia algo semelhante:

 

“Trata-se, aqui, de universitários, de homens que profissionalmente se encontram, de algum modo, em íntima relação com combates espirituais, com as dúvidas e as críticas dos estudantes. Esses universitários procuram garantir, como lugar de trabalho, um meio completamente estranho, cortado dos demais e, no isolamento, exercem uma atividade limitada, cuja totalidade consiste em realizar uma universidade abstrata (...) Nenhum laço é criado com os outros – nem com os universitários, nem com os estudantes, nem com os trabalhadores. Há, quando muito, o laço do dever ou da obrigação, pela qual se ministram cursos ou se faz assistência social, mas nenhum trabalho próprio e íntimo. Apenas o sentimento do dever, derivado e limitado, que não nasce do próprio trabalho. O laço com o outro, reduzido ao dever, é uma ação realizada sem a paixão por uma verdade percebida no doloroso escrúpulo do pesquisador, numa disposição de espírito ligada à vida, mas num absoluto contraste mecânico entre o teórico e prático”.

Walter Benjamin

Publié dans Movimento Estudantil

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